O Programa Nacional de Irrigação do SENAR é divido em duas ações estratégicas: Agricultura irrigada é a capacitação de produtores rurais na gestão do uso da água da irrigação através do manejo eficiente dos sistemas de irrigação existentes.
A segunda ação é a capacitação de produtores rurais para que eles atuem de forma representativa nos comitês que são a instância decisória sobre a gestão e planejamento dos recursos hídricos, de grande relevância para temas como definição de valores de cobrança pelo uso da água, isenções, projetos, licenciamentos e outorgas.

Sobre o Programa Agricultura Irrigada

Apesar do imenso potencial que possui para a irrigação, o Brasil aplica a tecnologia em menos de 10% da área agrícola (equivalente a cerca de 7 milhões de hectares). A irrigação é fundamental não somente para o aumento na oferta de alimento, mas também para a segurança alimentar e nutricional da população mundial.
Para contribuir com o uso racional dos recursos hídricos e ao mesmo tempo contribuir para a competitividade no campo, o SENAR desenvolveu o Programa Nacional de Irrigação.

O programa de irrigação tem três focos principais: o primeiro é incentivar a adoção de tecnologias de irrigação, assegurando alimentos na safra, principalmente em regiões de escassez de chuva, onde a agricultura irrigada é sinônimo de sobrevivência.

Os outros dois são fomentar o incremento da agricultura irrigada, através da transferência de tecnologia e melhoria da produtividade  e promover a utilização de técnicas de irrigação de precisão, manejo do solo, da água e da proteção de nascentes favorecendo o uso sustentável de recursos naturais, tendo como foco a gestão econômica e o manejo do solo e da água.

Em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Insti- tuto Inovagri, o SENAR capacitou, em 2017, 52 instrutores das Regionais: Amazonas, Amapá, Pará, Tocantins, Sergipe, Ceará, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Distrito Federal, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Em 2017 também foi assinado o termo de cooperação do SENAR com a empresa Netafim para capacitar instrutores. A Netafim é líder mundial na tecnologia da irrigação localizada.

Em 2018, o SENAR lançará as capacitações presenciais nos estados, oferecendo mais de 500 vagas nos seguintes cursos: Irrigação para todos, Gestão de Sistemas de Irrigação por Aspersão (convencional e pivô central), Gestão de Sistemas de Irrigação Localizada (microaspersão e gotejamento), Gestão de Sistemas de Irrigação por Superfície (inundação e sulco), Fertirrigação e Reuso, e Gestão da Energia Elétrica na Irrigação. Ainda em 2018 o SENAR estabelecerá novas parcerias com outros fabricantes de tecnologias para manter o nível dos cursos ofertados, através da atualizações constante de seus instrutores que vão a campo.

São 06 cursos com o seguinte conteúdo:

1. Manejo e Gestão da Irrigação

O Desafio do produtor rural brasileiro é produzir mais alimento utilizando cada vez menos água. Para se conseguir o uso eficiente da água na produção de alimentos é necessário conhecer as técnicas de manejo da irrigação e a gestão dos sistemas, ou seja, é preciso fazer irrigação com base na necessidade hídrica das plantas e não na disponibilidade de água, essa é a agricultura irrigada.
Objetivo da capacitação oferecida pela SENAR é apresentar de forma prática as técnicas que permitem ao produtor saber como, quando e quanto irrigar utilizando o máximo da tecnologia existente nos diversos tipos de sistemas de irrigação.

Fazer o manejo da irrigação significa garantir o uso eficiente da água dentro de uma propriedade rural, pois evitando o desperdício ainda é possível aumentar a produção de alimentos e diminuir gastos com a energia elétrica utilizada.
É importante também fazer a gestão de recursos hídricos, para isso o SENAR trabalha o despertar do produtor rural para a conscientização de que ele é o principal agente do meio ambiente, responsável por executar ações que garantem a conservação dos recursos hídricos, ou seja, preza por manter a qualidade da água evitando a erosão dos solos, a degradação das nascentes e a poluição do curso d´água, e fazer o uso eficiente da quantidade da água existente dentro de uma bacia hidrográfica.  Fazer a gestão da irrigação também garante às gerações futuras o direito do uso dos recursos hídricos em qualidade e quantidade suficiente. Para isso, todo produtor deve ter a oportunidade saber como planejar, administrar e diminuir a água utilizada na irrigação.

A irrigação acontece para que se cumpra a necessidade de água que as plantas necessitam, caso não haja água no solo para a planta durante o seu desenvolvimento ela passará por estresse hídrico e sem água disponível a planta diminuirá drasticamente a sua produção. Porém, irrigar de mais também é prejudicial: Cada solo funciona como uma caixa d´água, capaz de armazenar uma certa quantidade de água. Se irrigar mais água do que o solo é capaz de armazenar essa água vai ser perdida por percolação profunda, ou seja a água se perde por debaixo da profundidade da raiz. Ou ainda por percolação superficial, onde a água transbordará pela superfície acarretando em lixiviação de nutrientes e podendo até mesmo causar erosão no solo.

Estratégias de Irrigação

• Irrigação plena
Irrigar a lavoura pra suprir 100% da necessidade de água da planta, para manter o solo sempre no ponto de sua capacidade de campo, ou seja, como uma caixa d´água sempre no seu limite máximo. É importante determinar essa técnica com exatidão para que não haja aplicação de água em solo, pois essa será desperdiçada.

• Irrigação com déficit controlado
Pode se fazer um plano de irrigação com déficit controlado, ou seja, irrigar uma quantidade de água que varia entre 80 a 90% de água que a planta realmente precisa. Essa estratégia atende a necessidade de se manter a alcançar a máxima produção da planta utilizando cada vez menos água. Estudos comprovam que é possível utilizar essa técnica e ainda assim atingir altas produtividades durante a safra.

Adequar o sistema de irrigação para os diferentes cultivos explorados, tipo de solo, relevo e água disponível.
Decisão de irrigar através de sensores de umidade do solo (irrigás e tensiômetro), manejo da irrigação via clima (estações meteorológicas, Kc cultura e evapotranspiração)

2. Gestão em sistemas de irrigação por aspersão

Planejamento da irrigação com base na necessidade hídrica da planta e o manejo de sistemas onde a água é aspergida no ar imitando as chuvas.

• Vantagens: Menos trabalho para mão de obra, fácil aplicação de fertilizantes, permite tráfego de máquinas na área,
• Desvantagens: Vento influencia a irrigação, impacto das gotas pode danificar folhas de algumas culturas, cria condições favoráveis ao desenvolvimento de algumas doenças de plantas.

3. Gestão em sistemas de irrigação localizada

Sistema onde a água é aplicada diretamente na área da raiz das plantas. Muito utilizado em irrigação de frutas, flores e hortaliças.

• Vantagens: Maior eficiência na aplicação de água, baixo consumo de energia, facilidade de automação e fácil aplicação de fertilizantes.
• Desvantagens: Problemas de entupimento, alto custo de implantação, maior trabalho para mão de obra e exige rotina de manutenção.

4. Gestão em sistemas de irrigação por superfície

A irrigação é feita diretamente na superfície do solo
Vantagens: Baixo custo de implantação, usados até mesmo em regiões sem energia elétrica, baixo trabalho com mão de obra
Desvantagens: Baixa eficiência de aplicação de água e dificuldade de operação e automação

5. Fertirrigação e Reuso

Um método de adubação que utiliza a própria irrigação para levar os nutrientes às plantas. É muito vantajosa, pois além de reduzir o tráfego com máquinas agrícolas, essa técnica utiliza doses racionais e mais precisas dos fertilizantes evitando também o contato direto do trabalhador com o agroquímico na hora da aplicação.

Já a água de reuso é uma fonte alternativa tanto de água quanto de nutriente utilizada pela irrigação, capaz de fornecer quantidades significativas de nitrogênio, fósforo e potássio, por isso é uma excelente fonte nutritiva para a Fertirrigação. Tudo isso deve ser feita de maneira muito segura. É preciso que essa água de reúso passe por um tratamento intermediário que retire os patógenos e garanta a segurança alimentar.  No Brasil existe uma legislação específica que classifica os critérios de qualidade da água para irrigação.
O reuso da água para fins agrícolas foi regulamentado no Brasil através da Resolução do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) n°121, de 16 de dezembro de 2010

6. Gestão da energia elétrica e irrigação

É o planejamento no uso da energia elétrica que será utilizada na irrigação, levando em consideração como a interação entre água e energia pode contribuir para a sustentabilidade da atividade agrícola. Através de conhecimento e de tecnologias que podem diminuir o consumo de energia e da irrigação, sendo possível a diminuição de custos e melhor aproveitamento dos recursos existentes.

Chamamos de Irrigação a técnica de complementar a água fornecida às plantas durante a falta de chuvas. Quando associamos essa técnica ao planejamento de colocar a água na quantidade, na forma e no tempo em que a planta realmente necessita, nós estamos aplicando a Agricultura Irrigada.