Com assistência técnica e gerencial, 15 famílias atendidas pelo Senar reduzem custos, aumentam a produção de tambatinga e planejam novos investimentos na comunidade rural que se tornou polo de piscicultura no Maranhão.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) tem sido um agente de transformação no Projeto Boa Vista, zona rural de Grajaú (MA). Criado como assentamento irrigado, o projeto se consolidou como referência em piscicultura familiar. Cerca de 80 famílias produzem peixes em tanques escavados e mantêm hortas que abastecem a feira local.
Desde 2023, quinze produtores participam do programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar. O engenheiro de pesca Breno Portela explica que o foco é aprimorar o manejo alimentar e a qualidade da água, reduzindo mortalidade e tempo de crescimento.
“O objetivo é melhorar o manejo alimentar e o preparo dos viveiros, pra que o peixe cresça mais rápido e com menor mortalidade. Hoje já vemos peixes que atingem o peso de mercado em quatro meses”, destaca o técnico.
Entre os beneficiados está Seu Raimundo Monteiro de Almeida, ex-pedreiro que há sete anos vive da piscicultura. Acompanhado pelo Senar há pouco mais de um ano, ele reduziu custos e ampliou a produção. “O nosso ganha-pão é esse e estamos nessa luta”, afirma. Ele também relata que o acompanhamento técnico trouxe resultados concretos: “Antes, a gente perdia muito peixe porque não sabia o jeito certo. Agora, aprendemos a calcular a ração e cuidar da água. Melhorou demais”, comemora.
Outro destaque é Jaime da Cruz de Souza, que investiu o acerto trabalhista após deixar o ultimo emprego, para construir o primeiro tanque de três mil metros quadrados. Sem orientação técnica, os peixes demoravam muito tempo para atingir um quilo. Com a assistência do Senar, o ciclo foi reduzido praticamente pela metade, segundo conta: “Antes, levava uns sete meses pra atingir um quilo. Agora, com a assistência, eles chegam a um quilo e meio em quatro meses”, explica. “A gente aprendeu a fazer biometria, medir o peixe, dar a ração na medida certa. A produção melhorou e a renda também”, compartilhou.
O trabalho do Senar vai além da parte zootécnica. Os produtores recebem também orientação gerencial, aprendendo a reservar parte da renda para reinvestir no próximo ciclo e planejar o crescimento de forma sustentável.
“O nosso trabalho é acompanhar de perto cada produtor. A gente quer que eles saibam administrar o negócio, planejar o futuro e continuar crescendo”, reforça Breno Portela.
Pesquisas da UEMA confirmam que a piscicultura consorciada com hortas é hoje a base da economia do Projeto Boa Vista, que já dispõe de escola técnica e posto de saúde. Para o presidente do sistema Faema / Senar, Raimundo Coelho, a parceria com o Senar fortalece a sucessão rural e mantém os jovens no campo. “A meta é expandir o atendimento e transformar Boa Vista num modelo de piscicultura sustentável para todo o Maranhão”, diz.