A rica produção do mel maranhense

O Maranhão possui condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento da apicultura em razão da regularidade pluviométrica e pela diversificação da flora que constitui o pasto apícola  para as abelhas africanizadas, gerando renda de forma sustentável, socialmente justa, e ecologicamente correta.

Temos como divisas territoriais o estado do Pará, onde há o predomínio de  floresta amazônica e  o Tocantins, onde há o predomínio do bioma do Cerrado. Na parte central do Estado, há longas faixas de matas de transição (mata dos cocais), e  ainda, a vegetação costeira de restinga e dos manguezais.

Atualmente, a apicultura maranhense é mais desenvolvida em duas regiões: no Alto Turi – Gurupi, pertencente  ao bioma amazônico degradado, tendo como pasto apícola predominante o hortelanzinho (Hyptis atrorubens), o bamburral, (hypts suaveolens), e a vassourinha de botão, (borreria vertieillata).

Nessa região, o período de produção de mel  ocorre nos meses de junho a setembro. A produção estimada por safra é de mais de 2.000 toneladas de mel. A outra região, que é de Campos e Lagos na parte costeira dos manguezais, predomina o pasto apícola do  mangue branco, (laguncularia racenosa).

O período de produção de mel nos manguezais é de agosto a dezembro, com uma produção estimada por safra de mais de 700 toneladas. Existem nessas duas  fisiográficas do estado, várias empresas que atuam na compra e exportação de mel, onde 80% do produto  é destinado aos Estados Unidos e os  da comunidade europeia, aquecem a compra nos países produtores do hemisfério sul que se encontram saindo do inverno à primavera, com o parque de floração em estágio pleno.

A flora predominante na região da Baixada Oriental e do Baixo Parnaíba Maranhense é  capitaneada pelo mirim (Humiria balsamífera), que se apresenta abundante   nos municípios de Cachoeira Grande, Morros, Presidente Vargas e Humberto de Campos no período de agosto a outubro. Nos municípios de Santo Amaro, Primeira Cruz, Barreirinhas, Paulino Neves e Belágua a floração é um pouco antecipada estendendo-se de junho a agosto.

O mel do mirim tem destaque comercial não pela cor, mas pela análise sensorial (sabor). Trata-se de um mel muito saboroso que foi campeão nacional em um concurso de méis durante o penúltimo Congresso Brasileiro de Apicultura (Conbrapi), ocorrido em 2012, na cidade de Gramado, (RS).

Nesse contexto, cabe destacar o município de Belágua que apesar de encabeçar a lista dos municípios com menor IDH, (Índice de Desenvolvimento Humano), pode ser favorecido e até reverter esse perfil por ser rico em mirim, com potencial para responder positivamente a investimentos na área  da meliponicultura.

O Senar-MA  já deu passos importantes nesse sentido, envolvendo produtores rurais de Belágua com capacitações em apicultura, nos povoados Mocambo e Mendes.

 A potencialidade da região  é grande e não fica  só na florada da mata natural reinante. Nos municípios de Santa Quitéria, Mata Roma, Anapurus, São Benedito do Rio Preto e Urbano Santos, apresentam o pasto apícola de excelente qualidade a partir da cultura do eucalipto. Os clones de eucalipto MA 2000 e MA 2001 com floração de setembro a dezembro, nesta regional constituem uma excelente opção para produção de mel.

É oportuno ainda destacar que a proximidade com o estado do Piauí também potencializa a possibilidade de produzir mel e a florada silvestre no mesmo semestre do ano, como por exemplo: o marmeleiro (Croton sonderianus), o velame (Croton heliotropiifolius), o bamburral, (Hyptis suaveolens), a vassourinha de botão, (Borreria vertieillata) e a jitirana (Ipomoca finbriosepala).

Há que se destacar também  a região do médio sertão maranhense onde os municípios de Fortuna, Colinas, Buriti Bravo, Passagem Franca, São Domingos do Maranhão e Jatobá, apresentam extensas e densas áreas com o pasto apícola natural predominantemente, com a jitirana onde é vulgarmente denominado de melosa, (Hyptis suaveolens).

Potencialidades importantes acontecem no município de Buriti Bravo, onde  também é observado o pasto apícola silvestre do angico de bezerro, (Piptadenia moniliformis), e do cipó de mofumbo, (Combretum leprosum).

Nessa região fisiográfica do Estado, a cadeia produtiva do mel também vem sendo apreciada pelo SENAR, por intermédio de ações de capacitação e assistência técnica, via programa MAPITO.

  # Euler Gomes Tenório é engenheiro agrônomo, instrutor do Senar-MA, consultor do Sebrae e presidente da Federação dos Apicultores e Meliponicultores do Maranhão (FEMAMEL).