Levantamento feito pelo Sistema Faema/Senar estima que volume de negócios na feira deve ultrapassar os R$ 36 milhões em vendas e prospecções.

Encerrada no último fim de semana, a 24ª Exposertão, tradicional feira agropecuária realizada no município de São João dos Patos, deve contabilizar um recorde: em quatro dias de evento as 101 empresas e instituições expositoras venderam e prospectaram quase R$ 37 milhões. O valor é cerca de R$ 20 milhões maior que o volume de negócios registrado no ano passado.
O levantamento foi feito pela equipe técnica do sistema Faema / Senar, um dos principais parceiros do evento promovido pela Prefeitura de São João dos Patos, nos dias 12 a 15 de junho, no Parque Antônio Reinaldo Porto.
Segundo Raimundo Coelho, presidente da Faema, a presença do sistema nas feiras agropecuárias vem se consolidando como um vetor de desenvolvimento. “Além dos encontros com produtores rurais, oficinas, cursos e vitrines tecnológicas, estamos também realizando o levantamento dos negócios gerados. É mais um serviço que oferecemos, comprovando que as feiras são espaços não só de conhecimento, mas também de geração de oportunidades para empresas, instituições e, principalmente, para os produtores rurais”, destacou.
A participação da instituição, em parceria com o Sindicato dos Produtores Rurais e com o Sebrae, levou cinco cursos de formação profissional rural, oficinas e vitrines tecnológicas apresentando soluções como hidroponia, cerca elétrica rural, silagem, além de modelos de negócios na apicultura, produção de cachaça e farinha.
O ponto alto da programação técnica foi o Encontro de Produtores Rurais de São João dos Patos e região com palestras temáticas voltadas ao desenvolvimento da cadeia produtiva da bovinocultura.
Geovane Beltrão, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de São João dos Patos, celebrou a força da parceria local. “É uma satisfação realizar mais uma edição da Exposertão com a parceria da prefeitura e o apoio fundamental do SENAR, que atua na região com cursos de Formação Profissional Rural e também com a Assistência Técnica e Gerencial, a ATeG, que já vem transformando a realidade de muitas propriedades”, afirmou.

Evento – Luiz Figueiredo, superintendente do Senar Maranhão, destacou o amadurecimento do evento e o alinhamento com o crescimento do agro regional. “A Exposertão cresceu junto com a força da agropecuária no sertão maranhense. Os resultados da ATeG têm sido expressivos, especialmente nas cadeias de bovinocultura de corte e leite, com melhorias reais na produtividade, no manejo e na renda dos produtores acompanhados”, afirmou.
Soluções – Uma das grandes vitrines da feira foi a tecnologia de silagem, apresentada pelo supervisor de campo do Senar, Kayro Puça, especialista no tema. “A silagem é uma tecnologia antiga, usada desde o Egito Antigo, e nas feiras a gente mostra, na prática, como ela pode ser implementada em qualquer propriedade. É uma ferramenta decisiva para garantir alimentação de qualidade ao rebanho o ano inteiro, inclusive em períodos de estiagem”, explicou.

A tecnologia já vem sendo adotada com sucesso por produtores como Luiz Gonzaga, de Mirador, atendido pela ATeG. “Aprendi a fazer silagem numa oficina da realizada no ano passado. Desde então, meus animais passaram a ganhar mais peso. Trabalho com gado de cria e hoje vejo diferença real na produtividade”, contou. O técnico Victor Moraes Melo, que acompanha Gonzaga, disse que o uso da silagem tem se ampliado na região. “Desde 2021, venho incentivando os produtores a adotar essa técnica. Quem aposta, vê a diferença na qualidade do rebanho”, garante o profissional.
A feira também impulsionou novas perspectivas profissionais para jovens do campo. O curso de pilotagem de drones para aplicação agrícola, por exemplo, atraiu produtores e profissionais da área. O instrutor José Arthur Borges destacou o interesse dos alunos. “Ensinamos desde os fundamentos da tecnologia até a aplicação prática nas lavouras. É uma formação que abre portas para o mercado de trabalho e para o empreendedorismo rural”, destacou.
Beatriz Lima, engenheira florestal e aluna do curso, acredita que o conteúdo será essencial para seu futuro. “A agricultura de precisão é uma área em expansão e ter essa capacitação é uma oportunidade real de entrar no mercado com um diferencial”, pontuou. Já o produtor Fabiano Brito, aluno do curso de pilotagem de drones, viu na formação uma chance de inovar no negócio da família. “Cresci vendo meu pai trabalhar na roça de forma manual. O curso me deu uma nova visão: quero aplicar o que aprendi na nossa propriedade e também abrir caminhos no mercado”, contou.
Outro curso muito procurado foi o de operação e regulagem de máquinas e implementos agrícolas. Fabrício Costa, líder operacional em uma fazenda da região, disse que a capacitação superou expectativas. “Foi um curso completo. Todo proprietário rural que tem colaboradores deveria incentivar essa formação. Eu, inclusive, pretendo capacitar toda a equipe da propriedade onde atuo”, destacou.
Para a secretária municipal de Agricultura e Meio Ambiente e coordenadora geral da feira, Jaqueline Santana, a feira reforça o papel estratégico do município no agro maranhense. “Conseguimos reunir 75 empresas e instituições expositoras, além de expositores de genética de alto nível, um concurso leiteiro muito concorrido e uma mostra riquíssima do nosso artesanato tradicional. Com o apoio das instituições, fazemos da Exposertão um evento que cresce a cada ano”, afirmou.
A participação do setor público na agenda técnica da feira também teve destaque. O médico veterinário Aymoré Fernandes, da Agência Estadual de Defesa Agropecuária (Aged), celebrou a conquista histórica do Maranhão como zona livre de febre aftosa sem vacinação. “É um marco para o estado. Agora os criadores precisam manter a vigilância e aproveitar da melhor forma essa conquista que levou mais de 50 anos para ser alcançada, fruto do esforço conjunto de diversas instituições que representam o agro maranhense”, declarou.
