Muito além de uma vitória: como a piscicultura do Maranhão transformou resultados e levou o estado ao topo do Brasil

Diretor-geral do Senar, Daniel Carrara, exaltou o trabalho de ATeG pela transformação de vidas de pequenos produtores, como Luiz Adriano, premiado representando o Maranhão

Com a conquista inédita do Prêmio ATeG 2025 na categoria Aquicultura / Piscicultura, o Maranhão celebra o sucesso do produtor rural Luiz Adriano e de uma rede de assistência técnica que representa mais de 400 profissionais no estado e 7 mil em todo o país.

O produtor rural Luiz Adriano Brito, da Piscicultura Arco Verde, em Bacabeira, protagonizou nesta terça-feira a história que levou o Maranhão ao reconhecimento máximo da Assistência Técnica e Gerencial do Senar.

Maranhão foi o único estado do Norte e Nordeste a receber o prêmio

Vencedor nacional do Prêmio ATeG 2025, na categoria Aquicultura/Piscicultura, ele colocou o estado no topo do país em uma conquista inédita — tornando o Maranhão o único representante do Norte e Nordeste a ser premiado nesta edição.

A trajetória de Luiz Adriano começou no campo, onde cresceu entre o trabalho da agricultura e da criação, mas enfrentava as dificuldades de uma piscicultura sem estrutura. Os tanques haviam sido escavados de forma inadequada, o manejo da água era instável e a gestão financeira praticamente inexistente. “A virada de chave foi entender que a propriedade não era minha carteira pessoal. Era uma empresa, e precisava se sustentar”, contou o produtor, em vídeo inscrito para concorrer aao premio.

O presidente da CNA, João Martins, parabenizou a equipe maranhense pela conquista vencendo estados tradicionalmente premiados em iniciativas do agro

O ponto decisivo chegou com a Assistência Técnica e Gerencial do Senar. No diagnóstico inicial, a engenheira de pesca e técnica de campo Jéssica Adriane Soares encontrou uma propriedade com grande potencial, mas com falhas que comprometiam a produtividade e o planejamento. A partir dali, iniciou-se um processo de reestruturação profunda — ajustes no protocolo alimentar, monitoramento da qualidade da água, organização dos lotes, planejamento de ciclos produtivos e fortalecimento da gestão financeira.

“O Luiz Adriano tem uma capacidade única de colocar o conhecimento em prática. Ele entendeu a importância da análise dos resultados e da técnica. O que vemos hoje é fruto da dedicação dele — e é por isso que ele chegou tão longe”, destacou Jéssica, que falou em nome de mais de 7 mil técnicos de campo do Brasil — e, com orgulho ainda maior, dos 400 técnicos que atendem as famílias rurais do Maranhão.

A técnica de campo premiada, Jessica Adriane Soares, falou em nome dos 7 mil técnicos que atuam em todo o Brasil

Os resultados impressionaram até os mais experientes. Luiz Adriano passou a realizar dois ciclos produtivos ao ano, comercializando peixes de 500 gramas sem perder margem, acelerando a rotatividade dos viveiros e aumentando a renda bruta em mais de 1000%. A diversificação também fez parte da evolução: hoje, a propriedade combina piscicultura, hidroponia e produção de ovos, garantindo estabilidade e ampliando oportunidades de mercado. “Depois de um ano de muito trabalho e alguns momentos de frustração, hoje eu posso dizer com orgulho que ganhamos. Representar o Maranhão neste prêmio é uma honra imensa para mim e para minha família”, celebrou o produtor.

A solenidade de premiação aconteceu na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília, reunindo produtores, técnicos e supervisores de todo o país. Para o presidente do Sistema Faema/Senar, Raimundo Coelho, o reconhecimento confirma uma mudança que já é visível no campo maranhense. “Quando o conhecimento chega, a vida muda. No Maranhão, estamos fazendo a diferença dentro das propriedades, orientando produtores e mostrando que a pequena e média produção também avançam quando aplicam tecnologia e gestão”, afirmou.

O diretor-geral do Senar, Daniel Carrara, ressaltou o impacto da metodologia da ATeG em todo o Brasil. “A ATeG transforma porque aproxima tecnologia da realidade do produtor. Hoje celebramos um prêmio que representa resultados reais no campo. Estamos falando de produtores que multiplicam a produção e de uma rede que já alcança mais de 480 mil propriedades assistidas”, destacou.

Já o presidente da CNA, João Martins, reforçou o protagonismo da juventude rural e o significado da conquista. “Precisamos de mais jovens como o Luiz Adriano, com visão de futuro e coragem para empreender. O Maranhão dá um exemplo ao país de que o produtor assistido e valorizado é capaz de alcançar resultados extraordinários”, afirmou durante a cerimônia.

A vitória do Maranhão simboliza não apenas o sucesso individual de uma propriedade, mas um avanço coletivo da assistência técnica no estado. É o reflexo de uma rede que envolve técnicos, supervisores, coordenadores, famílias rurais e parceiros — e que coloca o estado como referência nacional em desenvolvimento rural sustentável.