Dia de Campo apresenta resultados do “Forrageiras para o Semiárido” no RN e MA

 

Os resultados das pesquisas do projeto “Forrageiras para o Semiárido – Pecuária Sustentável”, realizadas no Rio Grande do Norte e no Maranhão, foram apresentadas na quinta (27), durante Dia de Campo Virtual.

O projeto é uma iniciativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Desde 2017, os técnicos avaliaram a adequação de plantas forrageiras às condições climáticas do semiárido para recomendação de fonte de alimento para os rebanhos bovinos.

Rio Grande do Norte – A Unidade de Referência Tecnológica (URT) foi instalada no Parque de Exposições do município de Lajes, a 140 quilômetros de Natal. O solo da área foi classificado como de textura média, mais próxima da arenosa. O período chuvoso da região ocorre entre os meses de março a maio, com precipitação média acumulada de 400 milímetros.

“O projeto Forrageiras para o Semiárido é de extrema importância para a região, pois 94% do território do estado ficam no semiárido. Os índices pluviométricos são muito baixos. As pesquisas desenvolvidas trazem novidades, orientações e diretrizes para que os produtores possam colocar em prática”, disse o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Rio Grande do Norte, Luiz Henrique Paiva.

O responsável técnico pela URT do Rio Grande do Norte, Vianney Reinaldo, apresentou os principais resultados dos experimentos em Lajes. Na área das culturas anuais, foram plantadas duas variedades de milho, duas de milheto e duas de sorgo. A gramínea anual que apresentou melhor desempenho foi o milho BRS 658, com 1,4 tonelada de massa seca por hectare ao ano em 90 dias de ciclo de produção.

“Os dados de produção obtidos foram muito baixos em todas as cultivares testadas, em razão da baixa precipitação. Nesse caso, o produtor deve avaliar se vale a pena investir em cultivos anuais. É necessário fazer uma análise prévia antes da implantação do cultivo, como o tipo de solo, ataques de pragas e possibilidade de irrigação e adubação”, disse Vianney.

Nas gramíneas perenes, o destaque foi o Capim Corrente, que teve produtividade média de 7,4 toneladas ms/ha/ano tanto em sistema solteiro, quanto em sistema consorciado. “O Capim Corrente é uma boa cultivar para produção de silagem e pode ser reserva de alimento para os animais nos período mais críticos”, explicou o técnico.

No caso das cactáceas, a Orelha de Elefante Mexicana se destacou como a melhor palma que se adaptou às condições da região e registrou menor taxa de incidência de pragas e doenças. Segundo responsável técnico pela URT de Lajes, a palma é uma das melhores alternativas de forragem pela caracterização da espécie, mas não é a única. As gramíneas anuais e perenes também são boas opções.

Para o coordenador da Assistência Técnica e Gerencial do Senar Rio Grande do Norte, Caio Galtieri, os desafios na região são do tamanho das limitações. “As quatro estações do ano não são bem definidas, o índice pluviômetro de 400 milímetros está nos três meses de inverno. Com isso, é de extrema importância saber escolher o material forrageiro que melhor se adapta as condições”.

Maranhão – A URT está localizada na fazenda Baixa das Coivaras, no município de Fortuna, a 450 km de São Luís. O solo é predominantemente arenoso e o período chuvoso ocorre entre os meses de dezembro e janeiro. A precipitação média anual é de aproximadamente 900 milímetros.

“A unidade utilizou um cardápio variado de forrageiras que servem tanto o tempo de chuva e quanto para o de seca. Hoje a área é uma vitrine para essa região do Maranhão, onde ocorrem as maiores estiagens. E ela já chegou a vários municípios, então o conhecimento está sendo repassado”, afirmou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Maranhão (Faema), Raimundo Coelho.

No dia de campo virtual, o responsável técnico pela unidade de Fortuna, Franklin Andrade, mostrou os resultados das pesquisas. De todas as gramíneas anuais, o Sorgo BRS 658 apresentou melhor potencial de produção de forragem. “A variedade se destacou pela estabilidade e uniformidade. É um material rústico, tolerante à seca, resistente a ataques de praga e doenças com baixo custo de produção”.

Na avaliação dos capins, o Paiaguás se destacou no sistema solteiro e consorciado. De acordo com Franklin, a variedade mostrou elevada produção de biomassa, alta taxa de sobrevivência e boa cobertura de solo. “Para obter resultados semelhantes ou melhores, o produtor deve adquirir sementes de qualidade, fazer a devida correção e preparo do solo e o correto manejo cultural”.

Na avaliação das cactáceas, a palma miúda mostrou elevado potencial produtivo e respondeu positivamente a produção de massa verde e seca. “As palmas tiveram bom comportamento, apesar dos altos índices pluviométricos. Elas mantiveram desempenho de produtividade, mas foi necessário adotar medidas de controle contra doenças e pragas”, destacou o técnico.

Para o professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, José Antonio Cutrim, a diversidade de plantas forrageiras é fundamental para garantir a oferta de alimento e a produtividade do rebanho. “A formação de pastagem precisa de planejamento. O produtor tem que conhecer o tipo de solo, as condições edafoclimáticas, saber se a planta vai se adaptar ao clima”.

Segundo ele, o primeiro pastejo realizado na área deve ser feito justamente quando a planta não atinge o momento de sementeio. “Fazendo a combinação do momento correto de entrada e saída dos animais com as reposições nutricionais desse pasto ao logo do tempo conseguimos garantir produtividade da pastagem no período chuvoso e seco”, concluiu Cutrim.

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