Washington Post denuncia violência do Governo brasileiro contra agricultores pobres no Maranhão

Matéria publicada pelo jornal The Washington Post denuncia violência do Governo brasileiro no processo de retirada dos pequenos agricultores do Maranhão de uma área demarcada pela Funai no oeste do estado. De acordo com a matéria assinada pelo jornalista Dom Phillips, a chamada desintrusão feita pelo Governo sobre criticas pelo tratamento dispensado aos agricultores pobres.

24_3 aCom o título Brazil’s government program to protect a tribe criticized for its treatment of poor farmers, o jornalista cita o produtor rural Carlos Reis que tirou fotos dos funcionários da Funai derrubando sua casa. Reis vivia na área demarcada há 20 anos. “Perdemos nossas coisas “, disse Reis, que agora vive em uma barraca de lona com sua esposa e dois filhos.

Assim como Carlos Reis, centenas de agricultores pobres estão entre os alvos de uma operação do governo para limpar uma reserva na Amazônia para os índios Awá, diz a matéria. Que alerta para o risco de o Brasil ver transformado o que seria uma vitória de relações públicas para o governo em críticas internacionais com as crescentes críticas sobre o tratamento dos agricultores que estão sendo expulsas de suas terras.

O repórter ouviu também a agricultora Deusiana Alves, de 39 anos, também despeja com a família pela operação do Governo. “Se fosse um governo com coração e um senso de comunidade, não teria feito isso”, disse a agricultor que passou a morar com a família na casa da irmã, na cidade vizinha de São João do Carú. Dos 427 casas mapeadas na área, 263 já foram demolidas e sete de 16 áreas de criação de gado foram destruídas.

Chico Miguel, presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais na Agricultura (Fetaema), disse ao jornal que os agricultores precisam ser respeitados. “Temos que preservar a habitação e o bem-estar de todos os que vivem lá há mais de 20, 30 anos”, disse ele.

O jornal cita também o deputado federal Weverton Rocha que afirmou que a questão que se coloca não é o direito dos Awá, mas o tratamento dispensado pelo Governo às pessoas que estão sendo despejadas. “Nós não podemos deixar que os direitos dos índios violem os direitos dos trabalhadores rurais”, disse ele ao The Washington Post.

Madalena Pinheiro, um técnica do próprio Conselho Indigenista Missionário (Cimi), disse que se os agricultores pobres não forem reinstalados corretamente “eles certamente voltarão.”