Perspectivas do leite no Maranhão

 

O Brasil é o 4º maior produtor de leite do mundo com 32 bilhões de litros, atrás apenas dos EUA, Índia e China. O setor teve um aumento de 4,4% ao ano, no período de 2000 a 2011. Os registros da produção de leite em 555 microrregiões geográficas das 558 existentes no Brasil, indicam que a atividade apresentou  o 5º maior valor bruto da produção dentre  diversos  produtos agropecuários: R$ 26,8 bilhões (CNA,2011).

Por outro lado, o Censo Agropecuário de 2006 mostrou que dos 5,2 milhões de estabelecimentos rurais brasileiros, 25% produzem leite, ou seja, 1,35 milhões tem no leite a fonte de  renda de grande número de produtores. Cabe ressaltar ainda que cerca de cinco milhões de pessoas sobrevivem trabalhando com a produção de leite (CNA, 2011), sendo uma atividade responsável por elevada absorção de mão-de-obra rural (contratada e familiar), propiciando, também, a fixação do homem no campo. (FAO – 2011)

O Maranhão possui uma produção anual de 393 milhões de litros de leite, colocando o estado na 4ª posição em relação à produção do Nordeste e em 16º lugar no ranking nacional. As bacias leiteiras mais importantes são a do Oeste Maranhense e a Centro Maranhense que contribuem com 59% e 20%, respectivamente, do leite produzido no Estado. (IBGE, PPM 2014). A raça mais utilizada de gado leiteiro no Maranhão é a girolanda, que é responsável por 80% da produção de leite no Brasil.

A pecuária leiteira maranhense vem enfrentando várias  dificuldades, principalmente às  atribuídas a falta de pesquisa e assistência técnica que  tem  contribuído significativamente para o baixo nível tecnológico apresentado, em particular,  pelos pequenos produtores que são a grande maioria e para os altos custos de produção. Há ainda que se registrar a  baixa produtividade do rebanho, principalmente, no cenário das pequenas  e médias propriedades rurais.

Deva-se ressaltar ainda as estradas, em más condições  de trafegabilidade, que dificultam a logística de transporte  das unidades produtivas até as indústrias, problema este  encontrado em todo Brasil, principalmente no período das águas.

Genérica
No processo de comercialização do leite grassa a  relação entre indústrias e produtores  feita de maneira informal, em  quase todas as regiões que concentram a produção, sem a existência de contratos formais para compra e venda. Isso também é uma prática que ocorre em todo o Brasil, de forma genérica,  na cadeia do leite.

A indústria leiteira do Estado pode ser dividida em quatro grandes grupos, de acordo com suas características de atendimento às normas de inspeção sanitária de produtos de origem animal – laticínios com inspeção federal, laticínios com inspeção estadual, laticínios com inspeção municipal e laticínios sem qualquer inspeção sanitária.

No Maranhão são 16.537 estabelecimentos produtores de leite. O tamanho das propriedades é muito variável, mas em geral, elas têm área “de sobra” para a atividade. A intensificação do uso da terra  com tecnologia apropriada ainda é incipiente quando se trata da atividade leiteira. (IBGE, 2006).

O baixo nível de conhecimento tecnológico dos produtores e as gestão sobre os custos  dos produção de leite, parecem ser os principais fatores limitantes da atividade  no Estado. Aliado a isso, ainda cabe destaque a  falta de gestão mais intensa da atividade, ausência de controles técnico-administrativos e  a não assistência técnica contínua a produtores  e à  fazenda, completam a lista das dificuldades encontradas.

A maioria dos produtores reclama do preço do litro de leite à nível de produtor. Mas, na realidade, o que deveria ser olhado mesmo  era o custo de produção. Este item, sim, é que deveria receber maior preocupação por parte dos produtores, uma vez que o seu conhecimento e controle possibilitariam ajustes no sistema, capazes de ampliar as margens de lucro e um  retorno financeiro mais promissor.

Potencialidades
Quando se trata da produção leiteira, tem realce  algumas  potencialidades do Estado que  atraem indústrias e empresários do ramo, como por exemplo:Última área de fronteira agrícola; boa logística para exportação (Porto de Itaqui); zona livre de febre aftosa com vacinação; solos com potencial produtivo; mercado interno em franca expansão; vasta extensão territorial; baixo custo da terra em relação a outros estados; clima e biomas favoráveis, grande disponibilidade de água; melhorias na rede de distribuição de energia elétrica no campo e programas de incentivo à produção e organização da atividade leiteira envolvendo instituições públicas e privadas, como a recente parceria firmada entre o Senar-MA e o Governo do Estado por meio da Sagrima no programa ‘Mais Produção’!

A produção de leite no Maranhão tem perspectivas de continuar crescendo nas regiões produtoras nos próximos anos, podendo reverter a situação atual, passando o Estado de importador para exportador de produtos lácteos. O  primeiro passo do Governo já foi dado, por meio da iniciativa em estimular a atuação  conjunta de instituições públicas e privadas, principalmente  via capacitação e acompanhamento técnico e gerencial, de forma continuada, apoiando um dos mais importantes elos da cadeia produtiva – o produtor rural.

Com essa assertiva em andamento, acredita-se que medidas outras de fomento e de orientação técnica aos proprietários e funcionários das fazendas possam  contribuir, para a melhoria das ações gerenciais das propriedades, e assim, repercutir positivamente no sucesso do negócio do leite.

Vislumbra-se ainda, para um horizonte não muito distante, que a modernização da atividade produtiva com a intensificação dos sistemas de produção, apoio logístico e a adoção de novas tecnologias, possam contribuir para aumentar a disponibilidade  do leite no mercado interno, reduzindo  custos para o produtor e facilitando a expansão dessa cadeia produtiva.

Egon Bastos de Oliveira
*Engenheiro Agrônomo pela UFMA/Chapadinha – Supervisor Técnico Senar/AR-MA.