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Outubro Rosa: Prevenção com conhecimento e autocuidado

Programa Saúde da Mulher Rural do SENAR dissemina informações e incentiva mulheres na prevenção do câncer de mama

Bruno Ramalho, médico ginecologista e especialista em Reprodução Humana. Foto: Arquivo Pessoal

Brasília – Prevenção e diagnóstico precoce são as principais formas de combater um tipo comum de câncer entre as mulheres: o de mama. Apesar de também afetar o público masculino, a doença representa 28% de novos casos entre mulheres a cada ano, ficando atrás apenas do câncer de pele. Mulheres cada vez mais jovens são diagnosticadas com a doença, que era comum aparecer apenas após os 50 anos. No campo, a mulher rural conta com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) que desenvolve o programa Saúde da Mulher, que realiza atividades educativas para incentivar as mulheres a se conhecerem melhor e a praticarem o autocuidado.

A Campanha Outubro Rosa é realizada no mundo inteiro durante o mês de outubro e pretende conscientizar um número maior de mulheres sobre a necessidade de prevenção contra o câncer de mama. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indicam que no Brasil, são esperados aproximadamente 60 mil novos casos da doença a cada ano.

“Trabalhamos durante todo o ano para conscientizar a mulher da importância do autocuidado, de ficar atenta aos sinais do seu corpo para procurar atendimento médico quando necessário. A saúde da população rural é uma das áreas prioritárias do SENAR dentro da promoção social,” enfatiza a coordenadora de Programas e Projetos na Área da Saúde do Departamento de Educação Profissional e Promoção Social (DEPPS) do SENAR, Deimiluce L. Fontes Coaracy.

Na avaliação do médico ginecologista e especialista em reprodução humana, Bruno Ramalho, o avanço da tecnologia relacionada aos métodos diagnósticos por imagem tem proporcionado o descobrimento cada vez mais cedo do câncer de mama. Além disso, “o adiamento da maternidade e, consequentemente, a ausência de benefícios trazidos pela amamentação; o sedentarismo e a ingestão de bebidas alcoólicas são alguns fatores que podem justificar o aumento da doença em mulheres com menos de 40 anos”, explica o médico.

Para Ramalho, a Campanha Outubro Rosa é um meio eficaz de alertar as mulheres para a necessidade do autocuidado. “O Outubro Rosa tem se apresentado como oportunidade de destacar o problema e todas as suas variações. Campanhas com as cores atribuídas aos meses têm sido cada vez mais utilizadas e, com os devidos cuidados para não cair na banalização, é uma iniciativa muito positiva.”

Fatores de risco e tratamento

Os fatores de risco do câncer de mama são, principalmente, a idade avançada, a exposição prolongada a hormônios femininos, o excesso de peso e o histórico familiar. A recomendação é que a partir dos 40 anos, mulheres que não apresentem fatores de risco nem história familiar da doença, façam mamografia a cada dois anos. A partir dos 75 anos, o câncer de mama deixa de constituir risco importante para mortalidade da mulher idosa.

Segundo o ginecologista, há estudos que comprovam que a amamentação, além de promover benefícios incalculáveis para o bebê, pode ajudar a prevenir esse tipo de câncer. “Principalmente para as mulheres que amamentam por longos períodos e aquelas com histórico familiar de câncer de mama. Não sabemos dizer exatamente porque essa proteção acontece. A teoria mais tangível é a proteção hormonal da lactação, mas também há quem cogite a existência de um benefício pela modificação das células das glândulas mamárias da mulher que amamenta, como se o último estágio de maturidade das mamas só fosse atingido com a lactação,” afirma.
Depois do diagnóstico, a mulher passa por procedimentos médicos como quimioterapia, radioterapia e nos casos mais severos, pela mastectomia (retirada do seio). De acordo com Bruno Ramalho, esses tratamentos interferem na saúde reprodutiva da mulher após a cura.

“Hoje, estima-se que a infertilidade acometa entre 25% e 40% das mulheres tratadas para câncer de mama antes dos 40 anos. Essa questão suscita a discussão sobre a possibilidade de preservação dos óvulos dessas mulheres antes de se submeterem ao tratamento do câncer e, portanto, a oferta de uma chance de preservação da fertilidade como fator de qualidade da sobrevida. Na minha área de atuação, a reprodução assistida, a campanha Outubro Rosa é uma oportunidade de disseminarmos as opções de tratamento para preservação de óvulos e, portanto, das chances futuras de procriação biológica.”

Nas atividades de Promoção Social, o SENAR realiza palestras educativas e exames preventivos, com apoio de parceiros como secretarias de saúde e laboratórios de análises clínicas. Durante as ações, as mulheres recebem material informativo e são orientadas a fazer o autoexame e a realizar, de acordo com sua faixa etária, o exame de mamografia.

O ginecologista destaca o trabalho que o SENAR faz no campo com o programa Saúde da Mulher Rural e afirma que levar informação de qualidade é um dos caminhos para dar às mulheres acesso as políticas de prevenção. “A disseminação da informação de qualidade é um passo fundamental para a adesão às políticas de prevenção, não penas do câncer, mas de qualquer doença com impacto social de grande porte.”

Câncer de colo de útero – Dentro do Programa Saúde da Mulher, além das atividades educativas, que são as palestras com especialistas, o SENAR realiza o exame Papanicolau, conhecido como preventivo, feito por meio de parcerias com laboratórios locais. Depois de fazer o exame, nos casos em que o resultado apresenta alterações, a mulher é encaminhada para tratamento através das Secretarias Municipais de Saúde.