O Produtor vai ter mesmo lucro com a safra de grãos 2016/2017?

O ano agrícola 2016/2017 teve um início com clima positivo (sob todos os aspectos), em que quase todos os eventos promocionais ligados ao meio rural tomam corpo na revigorada do setor, preparando-o para uma safra que muito promete, e que deixa os produtores rurais do país divisando um horizonte promissor.

Os trabalhos no campo ligados à colheita de grãos já iniciados, tomam novos ritmos este ano, acompanhando a euforia do carnaval que contagia o povo e onde, os produtores rurais pelas perspectivas de uma safra recorde que se potencializa, conforme a CONAB, permite avaliar volumes em torno de 220 milhões de toneladas.

A boa performance da produção de soja e milho de primeira e segunda safra, estimada, respectivamente, em 105 e 85 milhões de toneladas, além de se constituir nas duas mais expressivas commodities de grãos do país, vem dando um novo ânimo à classe produtora rural, pois permite à categoria vislumbrar uma retomada no crescimento do agronegócio nacional e ampliar seus níveis de lucratividade.

Esse cenário favorável, permite, inclusive, prognosticar incrementos na produção até maiores que 100% em relação ao ano passado, bem como nos investimentos ligados à atividade. As favorabilidades climáticas e a disponibilidade de recursos financeiros nas linhas de crédito do PRONAMP, dos Fundos Constitucionais (FNE, FNO e FCO), dos financiamentos sem vínculo específico e do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF, aliadas à política governamental de juros decrescentes praticados nos financiamentos rurais e conduzidos pelas reduções na taxa SELIC, tendem ainda mais a fortalecer a situação alvissareira na produção de grãos  e atuar, proativamente, como instrumentos estimuladores e alavancadores dessa atividade.

O Estado do Maranhão não fica fora desse contexto. As áreas exploradas com grãos, principalmente com as culturas da soja e do milho (incluindo o milho safrinha), cresceram bastante (quase 25% para o milho), não só em relação as efetivamente colhidas, mas, também, em relação as áreas exploradas e/ou plantadas no início da safra 2015/2016. A produção de grãos, também, não ficou a desejar e apresentou um diferencial positivo de 2,4 mil toneladas, em relação ao ano anterior.

Não dá para deixar à margem, o bom comportamento apresentado pelos níveis da produtividade média alcançada, conforme o IBGE, que saíram na safra anterior dos 1.586 kg/ha (soja), e 1.856 kg/ha (milho), para 3.044 kg/ha (soja), e 4.114 kg/ha (milho), na safra atual. Essa motivação se deu fortemente pela recuperação das condições climáticas favoráveis ao bom desempenho das culturas, e ao uso dos pacotes tecnológicos (principalmente no Sul do Estado), já testados e aprovados, com incrementos respectivos nas produtividades de soja e milho de 92,0% e 122,0%.

Cabe, pois, diante do comportamento favorável ao produtor de grãos apresentado pelo setor rural maranhense, indagar, se realmente ele vai ter o lucro tão esperado, e que foi aguardado com muita ansiedade pela categoria para essa super safra que se registra.

Não precisa ser um grande economista para saber, que a Lei da Oferta X Procura prevalece em qualquer ramo de negócio, com excelência para os produtos oriundos do meio rural. E, é sempre assim: Quando há uma grande oferta de produção, os preços tendem a cair e puxar os lucros ladeira abaixo, deixando os produtores, muitas das vezes, “com as mãos praticamente vazias”.

Este ano a situação para o produtor parece que vai ficar desse jeito: “Ganha, mas não leva”. Ou seja: Tem bons resultados na safra, mas não consegue transformar isso em bons resultados financeiros – não tem um bom lucro.

Ainda estamos no início da comercialização e os preços da soja e do milho que no ano passado alcançaram, respectivamente, R$ 73,00/saca de 60kg e R$ 43,00/sc de 60kg, este ano já estão despencando, alcançando a casa de 65,00/sc de 60kg e R$ 24,00/sc de 60kg para a soja e milho, o que representa decréscimos de quase 45,0% para o milho, e pouco mais de 10,0% para a soja, levando para o ralo muito do que ficaria no “bolso” do produtor.

Mesmo sem a chamada – “Bola de Cristal”, pode-se prognosticar que, caso não haja uma tomada de posição e interveniência no mercado comercial de grãos (especialmente soja e milho) por parte do governo para amparar o produtor, os resultados financeiros e concretos da safra podem ser pífios, com reflexos negativos já na intenção de plantio para a safra que se avizinha em 2017/2018.

Luiz Figueiredo – Superintendente SENAR/MA