O desenvolvimento da cadeia produtiva da Hortifruticultura no Maranhão

Quando se pensa em estruturar uma cadeia produtiva a fim de que ela tenha autonomia após a saída dos agentes promotores desse desenvolvimento, como o poder público estadual e municipal, deve-se estimular uma estruturação sólida para que essa autonomia seja forte perante as adversidades que hoje o setor agrícola do país, enfrenta.

A tarefa é árdua e requer ações coordenadas dos stakeholders (Uma pessoa ou grupo que tem interesse em uma empresa, negócio ou indústria, podendo ou não ter feito um investimento neles), e de stewardship (administrador/gerente), o que torna o desafio ainda maior.

Para o sucesso de ações que ajudem no desenvolvimento da cadeia produtiva da hortifruticultura, devemos analisar os objetivos almejados, bem como a situação vivenciada, para em seguida, traçar uma estratégia para alcançá-los.

A criação de uma estratégia que faça a projeção do negócio num momento futuro perpassa pelos recursos físicos requeridos, mais os procedimentos que padronizam as ações que melhoram a utilização da tecnologia disponível e recursos humanos que irão utilizar esses insumos e essa tecnologia para executar os processos que atenderam as estratégias definidas.

Para projeções desse conjunto de etapas da hortifruticultura é necessário conhecer o mercado, entender os acontecimentos que afetam a cadeia produtiva, seus negócios e uma melhoria da gestão e da eficiência operacional dos empreendimentos que estão relacionados a ela.

Produtividade

Tendo em vista que o consumo doméstico médio de hortaliças pelo brasileiro gira em torno de 27 quilogramas por ano (na Coreia do Sul, o consumo médio anual é de 170 quilogramas por habitante), fica evidente que os esforços dispendidos devem focar no aumento deste consumo, assim como no incremento da produtividade.

A cadeia da hortifruticultura há algum tempo vem sofrendo com a falta dessas ações e o resultado é a vulnerabilidade da atividade hortícola tornando premente o desenvolvimento de sistemas e práticas que incremente a eficiência no uso de insumos visando à sustentabilidade.

Os inputs principais para o fortalecimento desta cadeia devem estar alicerçados em uma proposta de valor baseada em soluções, como maior disponibilidade no mercado local e regional de fertilizantes e defensivos, voltados para apoiar a hortifruticultura.

Estes insumos também precisam se adequar aos volumes desejados que, em geral, por predominar em pequenas propriedades a atividade necessita de quantidades menores. No caso dos defensivos, o problema esbarra na dificuldade de encontrar nas revendas regionais produtos com as classes toxicológicas mais recomendadas para a hortifrucultura devido em sua maioria serem produtos consumidos in natura pelo consumidor final e com ciclos curtos de produção.

Outro serviço de valor agregado como o fornecimento de sementes fiscalizadas e resistentes a pragas e doenças comuns em regiões produtoras, deve estar à disposição dos produtores rurais, a fim de garantir um incremento na produtividade. A dificuldade na obtenção de sementes fiscalizadas e de boa procedência desfavorece o desenvolvimento da cadeia produtiva na região, pois além de gerar insegurança ao produtor, eleva os custos de produção com fretes de pequenas quantidades.

A assistência técnica e gerencial, hoje, oferecida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar/MA por meio do Programa Mais Produção do governo do Estado, é um importante serviço de agregação de valor na estruturação desta cadeia, pois leva o produtor ao papel de protagonista do processo de desenvolvimento sustentado, com orientações construídas de forma participativa. Essa abordagem inovadora para os moldes dos serviços de assistência técnica desenvolvidos anteriormente, auxilia o produtor a entender os padrões de criação de valor da sua atividade.

Não podemos esquecer que estabelecer as diretrizes para a execução de ações que venham a fortalecer a cadeia produtiva da hortifrucultura também passa por outputs relevantes, como a distribuição/venda e produtos.

Para um processo de entrega de valor consolidado é necessário a segmentação de mercado, selecionar o mercado-alvo adequado, fornecer o valor atribuindo ao preço e distribuição do produto, além de uma comunicação adequada.

A melhoria das condições de comercialização, seja por meio de feiras, mercados ou centrais de distribuição, devem ser estimuladas e fomentadas para que o produtor tenha maior segurança para produzir, eliminando parte das incertezas de preços, deixando-o mais focado em melhorias dos resultados operacionais em busca de resultados cada vez mais promissores.

Os desafios dos produtores hortifrutícolas, dos técnicos, dos gestores públicos e privados são principalmente o de identificar problemas e gerar alternativas para dirimi-los, visualizar oportunidades, planejar e controlar eficientemente cada atuação, assim como apoiar as decisões e assegurar a competitividade, garantindo a lucratividade e a sobrevivência dessa importante cadeia produtiva.

*Selma Regina de Freitas Coelho
Eng. Agronoma, Msc. Recursos Florestais, MBA em Gestão de Negócios
Técnica do Senar/MA, Professora substituta da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA.