Amarante do Maranhão concentra a maior produção do fruto, que é cultivado em centenas de propriedades rurais da região. O evento apresentou resultados de assistência técnica e novas oportunidades para os fruticultores.
O produtor rural Edson Fontes nasceu e se criou na roça, como ele mesmo conta. E há 22 anos elegeu o maracujá como o fruto do seu sustento, e de sua família, formada pela esposa e um casal de filhos. Como Edson, cerca de 150 produtores rurais têm consolidado o município de Amarante do Maranhão, a 635,9 km da capital, como o maior produtor do fruto no estado. Estima-se que a região alcance 200 toneladas na produção desta última safra.
Os resultados de destaque na produção da Fazenda Ribeiro, de propriedade da família Fontes, estimularam o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural no Maranhão (SENAR-MA) a sediar na propriedade, distante apenas 8 km da sede do município, o primeiro dia de campo de assistência técnica e gerencial na fruticultura.
“Assim fechamos com chave de ouro esse primeiro ciclo de assistência técnica com a cultura do maracujá, implantando novas tecnologias, melhorando a produtividade e dando mais visibilidade a essa cultura e essa região”, comemorou a supervisora de campo do Senar na região, Gicélia de Matos.
Além da implantação de novas tecnologias, os 50 produtores locais de maracujá atendidos também aprenderam técnicas de controle e acompanhamento de sua produção. “Trabalhamos com os produtores desde controle de adubação – que antes era apenas empírico e hoje é mais balanceado, seguindo um cronograma específico; controle de pragas e até o controle de despesas e receitas da propriedade”, detalhou o técnico de campo Edinilson Lales, que atende 25 fruticultores.
Em dois anos de assistência técnica e gerencial, os fruticultores da região foram orientados a controlar despesas e receitas, investir na aquisição de sementes certificadas, adubação orgânica e na análise e correção de solos, e adotar o acompanhamento de um calendário de adubação e controle de pragas.
O esforço mostrou seu resultado não apenas nos números apresentados. “Tenho aprendido muito com o Senar, nesses últimos dois anos. E espero continuar aprendendo e melhorando mais. Nesse dia de campo, vi ainda mais a importância de controlar minha produção e acompanhar a evolução dos resultados”, contou o produtor rural Isael da Costa Reis, que participou do dia de campo.
O coordenador da ATEG na regional Oeste Sul do Senar, Egon Bastos, destacou que assim o dia de campo cumpriu o seu objetivo. “Hoje, em Amarante do Maranhão, são atendidos 50 produtores de maracujá, e percebemos o quanto eles têm sido resilientes, o quanto tem acreditado e implantado as tecnologias que trouxemos para suas lavouras, e assim viram aumentar seus resultados, tanto do ponto de vista da produção como do ponto de vista econômico”, destaca.
“E assim temos cumprido a missão do nosso sistema, levando tecnologia para o produtor rural, fortalecendo os sindicatos de produtores com serviços de qualidade e acessíveis para tornar o nosso campo mais produtivo e ver a transformação positiva na vida de pessoas como vocês”, declarou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Maranhão (FAEMA), Raimundo Coelho.
Resultados – Animado com os resultados alcançados em sua propriedade nos últimos dois anos de acompanhamento com um técnico de campo, Edson Fontes conta que mesmo com 20 anos de experiência no cultivo do maracujá, não imaginava que tecnologias e mudanças simples no manejo seriam capazes de dobrar a produtividade de sua lavoura, que aumentou de 7 ton para quase 30 ton esperadas para essa safra.
“Dia 06 de novembro completei dois anos de acompanhamento de assistência técnica e gerencial do SENAR. Antes eu plantava na tora, sem acompanhamento, sem controlar nada, sem técnica. Praticamente só contava com a sorte. Hoje é tudo muito diferente: faço adubação na hora certa, corrijo o solo; fiz vários pequenos ajustes no manejo e consegui resultados que nunca havia conquistado”, comemorou Edson Fontes.
Hoje, 0,8 ha de sua propriedade, que tem um total de 22 ha, já estão ocupados com o cultivo do fruto. “Havia plantado 0,9 ha inicialmente, mas a alta temperatura por aqui acabou prejudicando minha safra e a área reduziu. Mas já vou continuar o processo de plantação e terei uma área total cultivada de 1,5 ha”, conta o agricultor, que espera colher de 25 ton a 28 ton até o final da safra, que tem ciclo de seis a sete meses.
Para o futuro, o produtor rural diz que está experimentando uma técnica que é mais comum em outros estados. “Aqui não costumamos fazer o vazio sanitário, mas comecei, nessa plantação a deixar um espaço de 5m a cada pé, que vai me permitir substituir a planta sem interromper o plantio”, explica.
Edson ainda se orgulha de poder custear os estudos dos filhos. “Trabalhei na roça desde criança, mas meus filhos puderam estudar e escolher a carreira profissional deles. E minha esposa, que é professora, também trabalha na sua área”, diz. Ele conta que a cada safra consegue um rendimento de cerca de R$ 120 mil.
Mercado – O agricultor explica que hoje fornece toda a sua produção para uma indústria instalada em Imperatriz. “Tenho uma máquina que me ajuda a separar o fruto, e forneço a semente congelada em pacotes de 20kg para a indústria beneficiar”, conta.
“Consigo dar uma vida digna para minha família, ofereço oportunidade de trabalho temporário na região de acordo com a necessidade do plantio, e ainda oriento e aconselho outros produtores que me procuram para melhorar suas lavouras. E um conselho que sempre dou para todos é que procurem o SENAR, que façam os cursos, participem dos eventos, porque vale muito a pena”, garante o fruticultor.
Além da produção de maracujá, a Fazenda Ribeiro iniciou atividade pecuária esse ano. “Comprei umas novilhas para engorda e iniciei na bovinocultura de corte já com a assistência técnica do SENAR pra começar certo e crescer rápido”, compartilhou Edson Fontes.