No cenário rural do Maranhão, o empreendedorismo tem se mostrado uma força transformadora. De acordo com dados do Data Sebrae, a região nordeste abriga 24.586 pequenos negócios registrados, dos quais o Maranhão se destaca como o 4º estado com mais empresas formalizadas. São 2.687 micro e pequenas empresas registradas, ficando atrás apenas da Bahia, Ceará e Pernambuco.
“É inegável a vocação econômica do Maranhão para o agro e os pequenos negócios tem papel fundamental nisso”, avalia o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Maranhão (FAEMA), Raimundo Coelho de Sousa.
O município de Balsas se sobressai como líder, abrigando 387 CNPJs ativos de micro e pequenas empresas, seguido de São Luís (218), Imperatriz (132), Açailândia (127) e Grajaú (110).
INFOGRÁFICO 01:
Uma ilha de oportunidades
A região metropolitana concentra boa parte dos pequenos negócios rurais formalizados no estado.
330 micro e pequenas empresas rurais formalizadas* |
São Luís (218) |
São José de Ribamar (67) |
Paço do Lumiar (35) |
Raposa (10) |
*Dados fornecidos pelo DataSebrae, referentes ao estado do Maranhão.
Diversificação nos Negócios Rurais
O empreendedorismo no campo maranhense abrange uma ampla gama de atividades, com destaque para bovinocultura de corte, agricultura em geral (com ênfase no cultivo da soja), piscicultura e silvicultura. De acordo com o Sebrae, 78 CNAEs são os mais recorrentes entre os empreendedores rurais no estado. ”Vemos essa pujança em todo o estado, onde os pequenos negócios rurais tem se multiplicado e feito a diferença na economia dos municípios”, garante o presidente da FAEMA.
E ele tem razão. Dados levantados pelo Sebrae, e confirmados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Receita Federal, tem demonstrado que os pequenos negócios rurais, no Maranhão, não apenas impulsionam a economia, mas também geram oportunidades de emprego. Nas empresas formalizadas, são mais de 26 mil empregos criados somente nas quase 3 mil empresas de micro e pequeno porte já formalizadas, o que demonstra que esses empreendimentos desempenham um papel fundamental no desenvolvimento sustentável do estado, e especialmente das regiões metropolitana e sul-tocantina.
INFOGRÁFICO 02:
Setores rurais que mais atraem empreendedores
De acordo com dados do Sebrae, no Maranhão 78 CNAEs são mais recorrentes para quem decidiu empreender no campo. Confira o top 10*:
CNAE | Estabelecimentos (Matriz + Filial) | |
01 | Criação de bovinos para corte | 483 |
02 | Serviço de preparação de terreno, cultivo e colheita | 453 |
03 | Cultivo de soja | 279 |
04 | Atividades de apoio à agricultura não especificadas anteriormente | 148 |
05 | Produção de carvão vegetal – florestas plantadas | 114 |
06 | Atividades de apoio à produção florestal | 97 |
07 | Criação de peixes em água doce | 79 |
08 | Criação de animais de estimação | 73 |
09 | Produção de carvão vegetal – florestas nativas | 72 |
10 | Criação de frangos para corte | 64 |
*Dados fornecidos pelo DataSebrae, referentes ao estado do Maranhão.
Apoio aos pequenos negócios rurais
Para apoiar o crescimento e sobrevivência desses pequenos negócios rurais, governos e instituições tem se unido para oferecer suporte de capacitação, assistência técnica, desburocratização, acesso a mercado, participação em compras públicas, entre outras medidas propícias ao empreendedorismo rural.
A Federação da Agricultura do Estado do Maranhão (FAEMA), por exemplo, tem desempenhado um papel vital na melhoria da gestão e competitividade das empresas rurais no estado, oferecendo soluções gratuitas que vão da educação rural profissional, técnica e gerencial, ao desenvolvimento de lideranças e articulação de ações e parcerias para aumentar e desburocratizar o acesso a crédito e a mercados e compras privadas e governamentais.
“Atuamos em prol do desenvolvimento do agro em todos os portes empresariais, mas damos especial atenção às micro e pequenas empresas por serem as maiores responsáveis pelo sustento e desenvolvimento da nossa economia, e também as que mais precisam dos nossos serviços e suporte, bem como do apoio dos sindicatos rurais que integram a nossa federação”, explica Raimundo Coelho.
Uma das ações prioritárias de apoio ao desenvolvimento dos pequenos negócios rurais foi o Programa Agronordeste, executado pelo Sebrae em parceria com a FAEMA e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), que concentrou suas ações, no primeiro ciclo desenvolvido de 2020 a 2022, na mandiocultura, bovinocultura de corte e de leite, ovinocaprinocultura, piscicultura e horticultura, demonstrando resultados notáveis.
Na bovinocultura de leite, por exemplo, a primeira fase do programa registrou um aumento de 32% na área produtiva das propriedades rurais atendidas, resultando em um incremento de mais de 17% na renda bruta dos pequenos negócios.
Transformação na Ovinocaprinocultura
Mas o destaque do primeiro ano do programa ficou por conta da ovinocaprinocultura, que registrou um impressionante aumento de 1.854% na média da margem bruta das propriedades, passando de R$ 3.754,00 para R$ 73.378,00 em média, em apenas um ano. Esse crescimento foi acompanhado pelo aumento da produção (+21,6%), renda bruta (+28,2%) e produtividade (+21,6%).
A margem bruta dos pequenos negócios de piscicultura atendidos pelo programa também deu um salto notável de 639% apenas de 2020 para 2021.
Formação Profissional Rural
Na segunda fase do programa, encerrada no ano passado, a formação profissional rural (FPR), executada pelo SENAR, ofereceu capacitações e consultoria a 750 pequenos produtores rurais nas mesmas cadeias produtivas trabalhadas na primeira fase. Essa abordagem incluiu diagnóstico produtivo individualizado, planejamento estratégico, adequação tecnológica, capacitação profissional complementar e avaliação sistemática de resultados.
“Ampliamos os serviços oferecidos aos pequenos produtores, agregando à assistência técnica, que ajuda o produtor rural a melhorar sua técnica de campo, também os conhecimentos de gestão e mercado, que contribuem para que a propriedade seja, realmente, um negócio rentável”, destaca o presidente da FAEMA, Raimundo Coelho.