No Maranhão, a produção de abacaxi é destacada por duas regiões produtoras. Uma delas, bastante conhecida, localiza-se no noroeste do estado, no município de Turiaçu. Já a outra, na região mais central: em São Domingos do Maranhão. O estado é considerado o quarto maior produtor do Nordeste e o 11º do Brasil, segundo dados do IBGE, (2014). Porém, a grande maioria dessa produção deve-se ao município de São Domingos do Maranhão, considerada hoje, o maior produtor do estado e responsável por inserir o Maranhão no mapa dos grandes produtores nacionais da cultura.
Há muitas diferenças entre os centros produtores do estado, a de maior relevância é o fato de São Domingos do Maranhão, ser o maior produtor de abacaxi cultivar (cv.) ‘Pérola’ (25 MI de frutos produzidos) e o município de Turiaçu produzir exclusivamente a cv. ‘Turiaçu’ (4 MI de frutos produzidos). Do ponto de vista organoléptico (sabor e cheiro) e empírico, a principal diferença entre as cultivares é a “doçura” do abacaxi cv.
O ‘Turiaçu’ aparenta ser mais elevada que a da cv. ‘Pérola’. Para os consumidores e público em geral um é mais doce que o outro, porém, a explicação técnica e correta para este sabor acentuadamente mais doce, deve-se pincipalmente ao fato de a acidez presente no abacaxi cv. ‘Turiaçu’ ser a metade da presente na cv. ‘Pérola’, ou seja, não são os teores de açucares mais elevados, mas sim o teor de ácidos que por serem menores potencializam o sabor doce nos poros gustativos da língua, tal afirmação foi feita por pesquisadores da Universidade Estadual do Maranhão em 2009.
Quanto à qualidade comercial independente da região produtora, o Maranhão possui potencial necessário para se tonar um dos maiores produtores de abacaxi do Brasil. Porém, há uma série de entraves que desaceleraram o desenvolvimento da cadeia produtiva de abacaxi no Estado, de modo que o desenvolvimento presente surgiu da iniciativa pontual de produtores e algumas entidades isoladas que promoveram o fortalecimento de pequenos elos da cadeia produtiva em ambos os centros produtores.
Se levarmos em consideração a localização geográfica do Maranhão, o Porto do Itaqui e a distância aos grandes centros importadores, ou seja, a Europa e América do Norte, o potencial exportador é inimaginável. Mas, para chegar a esse nível muito ainda tem de ser feito, de modo que o primeiro passo já foi dado, na região de São Domingos do Maranhão, onde o sistema FAEMA/SENAR está promovendo assistência técnica com apoio do Sindicato de Produtores Rurais, há sessenta abacaxicultores, que estão recebendo assistência técnica e gerencial continuada, em que aos produtores estão sendo repassadas informações técnicas de gerenciamento, com o objetivo das propriedades serem vistas e administradas como uma empresa, registrando todo o custo de produção e garantido a rentabilidade do negócio, que vai desde o planejamento do plantio, passando por todo cronograma de atividades/desembolso na área produtiva até a data exata de colheita.
A abacaxicultura no Maranhão em si não se desenvolveu aleatoriamente, trata-se de uma atividade agrícola de grande rentabilidade, pois na maioria dos casos no mínimo é possível dobrar o investimento inicial. Mas é preciso lembrar que o ciclo da cultura vai de 16 a 18 meses e requer dedicação e atenção do produtor.
Do ponto de vista social, a fruticultura é uma cadeia produtiva que gera muitos empregos, renda e movimenta a economia dos grandes centros onde está inserida, devido a grande quantidade de mão de obra exigida no manejo, assim sendo, fortalecer e apoiar este tipo de atividade garante o desenvolvimento social e econômico, e pode vir a ser a válvula de escape para refrear o assistencialismo que se tornou cultural no nosso país.
#Rozalino Aguiar – É Eng. Agronômo, MSc em Agroecologia e Supervisor técnico de Assistência técnica e gerencial do Senar-MA