Em uma agricultura que ainda possui problemas básicos como o uso excessivo de produtos químicos, desencontro e ausência de informações e manejo inadequado para o desenvolvimento de variedades e práticas mais convenientes para a região. O uso de produtos que possam ajudar a minimizar os problemas ambientais, reduzir os custos e que promovam a saúde do trabalhador, é importante para a sustentabilidade de uma cadeia ainda fragilizada pela ausência de profissionalização na atividade.
Dados do IBGE (2014) revelam que a comercialização de agrotóxicos e afins no ano de 2014 foi de 9.741,6 t-1 no estado do Maranhão, ficando assim em segundo lugar entre os estados da região nordeste, atrás apenas do estado da Bahia. A falta de registro e de extensão do uso de produtos específicos para a cadeia da hortifruticultura resulta em perda na produção e eficácia dos poucos defensivos registrados para elas.
Devido à ausência de assistência durante alguns anos, muitas técnicas ficaram desconhecidas pelos produtores gerando desinformação e consequentemente falta de conhecimento. Entretanto, algumas dessas limitações estão sendo superadas com o acompanhamento da assistência técnica que alguns produtores de hortaliças recebem atualmente pelo SENAR/MA, em destaque para o município de Balsas, por meio do Programa “Mais Produção” do governo do estado do MA.
O avanço tecnológico na produção de alimentos em função da utilização de insumos modernos é indiscutível; contudo, o emprego inadequado desses insumos tem levado a situações de risco. A pressão dos consumidores para que a produção de alimentos seja feita com menor uso de agroquímicos tem conduzido até mesmo indústrias processadoras a se empenharem em relação à disponibilização de alimentos mais saudáveis. Por outro lado, alguns produtores estão se preocupando com a sustentabilidade de sua produção, seja por razões econômicas, seja pela preocupação com o ambiente.
No Brasil, o uso de agentes de controle biológicos encontra-se difundido na produção de hortaliças, por causa das exigências de consumidores que buscam cada vez mais adquirir produtos que ofereçam segurança alimentar.
A aplicação de agentes de controle biológicos deve alcançar 15 milhões de hectares tratados no país neste ano, considerando o número total de aplicações de produtos por área coberta. Os biológicos em números são bem representativos. Como exemplo são as cepas do fungo endopatogênico Beauveria bassiana, que causa a doença e morte de insetos como a mosca-branca (Bemisia argentifolii) usada em 2 (dois) milhões de hectares. Outros fungos como o Trichoderma spp, têm sido empregados em cerca de 6 (seis) milhões de ha no Brasil, principalmente para controlar doenças causadas por fungos de solo (Fusarium, Rhizoctonia, Sclerotinia, Verticillium, Phytophthora, Pythium, Armillaria e Roselina) nas culturas de feijão, soja, milho, morango, frutas de caroço, maracujá, hortaliças e ornamentais.
Afinal o que são Agentes de Controle Biológicos? São os organismos vivos, de ocorrência natural ou obtidos por manipulação genética, introduzidos no ambiente para o controle de uma população ou de atividades biológicas de outro organismo considerado nocivo, podendo abranger: inimigos naturais e Técnica de Inseto Estéril – TIE.
Entre os estados que mais utilizam agentes biológicos de controle estão: SP, GO, MT e MG. Os laudos do Ministério da Agricultura atestam que os biológicos são tão eficientes quanto os químicos, mas para tanto são fundamentais levarmos em consideração 3 (três) observações para o bom desempenho: boa produção de insumos; logística adequada (afinal, o biológico é um são bactérias e fungos vivos) e assistência técnica. Se esses 3 (três) pontos importantes não forem levados em consideração quando na decisão do uso do biológico as chances de fracasso são grandes. As recomendações de uso fornecidas pelo fabricante no rótulo e na bula do produto inclusive quanto à compatibilidade com outros produtos (químicos e biológicos) e a forma de armazenamento por isso a importância desses produtos serem aprovados pelo MAPA, Anvisa e Ibama.
O importante lembrar que os agentes de controle biológico atuam de forma preventiva e não curativa, isto é, a aplicação deve ser realizada antes da ocorrência da doença ou da praga no seu estagio bem inicial. Por isso, a necessidade de um monitoramento eficaz. Por conter organismos vivos, as aplicações dos bioprodutos devem ser feitas quando as condições estão mais favoráveis, tais como umidade relativa elevada, temperatura amena e menor incidência de raios ultravioletas. Recomenda-se o uso de EPI, mesmo sendo considerados mais seguros que os agrotóxicos, pois eles podem causar alergias e infecções em pessoas com imunidade baixa.
Ressalta-se que com os agentes de controle biológicos não se consegue eliminar 100% das pragas, mas por meio da sua utilização é possível melhorar a qualidade da produção e a saúde das plantas, aumentando a produção e reduzindo os danos causados por pragas.
*Selma Regina de Freitas Coelho
Engenheira Agrônoma. Mestre em Recursos Florestais. MBA em Gestão de Negócios. Técnica do SENAR/MA. Profª substituta da UEMA/CESBA.
*Alane Brito Rodrigues
Aluna do curso de Agronomia – UEMA/CESBA