Crise e cooperativismo

Eu faço a apologia do cooperativismo porque sou apaixonado por essa doutrina de organização dos talentos e esforços humanos e, também, porque conheço seus resultados nas sociedades rurais e urbanas. Nesse cenário de crise política e econômica que vergasta importantes setores e gera inquietação em trabalhadores e empresários, podemos constatar, com cristalina clareza, que as cooperativas contribuem para levar tranquilidade e confiança onde a incompetência do Estado e a ganância de homens públicos criaram instabilidades.

Recentemente, no Fórum de Dirigentes que presidi em Florianópolis, disse que as cooperativas crescem nas crises – e isso não é retórica. Com sua vocação para agregar talentos, organizar a produção e buscar a eficiência, as cooperativas catarinenses registram altas taxas de crescimento, ano a ano, inclusive nos períodos de crise. Em 2014, por exemplo, o crescimento foi de 16% e, em 2015, ficará em torno de 12%. O resultado líquido (sobras) deve ficar abaixo do ano passado em razão da elevação dos custos, especialmente dos preços administrados pelo Governo, como combustíveis, energia elétrica, água, gás etc.

As empresas de natureza cooperativista não têm privilégios tributários e não sofrem mais nem menos que as empresas mercantis em geral. Entretanto, o capital humano que cada uma reúne permite agir e reagir com a força e a criatividade que somente o associativismo consegue proporcionar.

A crise brasileira é endógena, gerada pelos erros da política macroeconômica do governo federal. Durante os últimos 12 anos, a economia planetária registrou o maior crescimento da história de todos os países emergentes – exceto o Brasil. O quadro atual, marcado por recessão e inflação alta, configurando uma das piores patologias da atualidade, é uma criação genuinamente brasileira, revelando a deterioração dos fundamentos da economia, a inflação de 2015 fechará em 9,3% e o crescimento do PIB será de aproximadamente 1,8% negativos. Já sabemos que o PIB levará pelo menos dois anos para voltar a crescer.

Nos doze ramos do cooperativismo, as sociedades cooperativas vencem o imobilismo, lançam novos produtos ou serviços, reinventam planos e programas, encaram a crise como um potencial de oportunidades e reagem com convicção, otimismo e firmeza.  É assim que se constroem caminhos: avançar sempre, acovardar-se, jamais.

* MARCOS ANTÔNIO ZORDAN é Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC)