As potencialidades do Maranhão para fruticultura

O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas do mundo, atrás apenas da China e da Índia, que produzem anualmente cerca de 40 milhões de toneladas anuais, em uma área plantada em torno de 2,5 milhões de hectares. Produzidas em todas as regiões, com especialização regional em função do clima, as regiões norte e nordeste têm maior importância na produção de frutas de clima tropical, enquanto as regiões sul e sudeste são mais propícias para aquelas de clima temperado.

A fruticultura é uma atividade de importância tanto sob o ponto de vista nutricional, quanto econômico e social. Deva-se considerar que a exploração garante alimentos saudáveis para a população e gera emprego e renda para o produtor. Cada hectare plantado gera em torno de dois empregos diretos. Isso nos permite inferir que em uma área plantada de 2,5 milhões de hectares, são gerados 5 milhões de empregos diretos, sem falar nos outros tantos indiretos que acontecem dentro e fora da propriedade.

Além do mais, é uma atividade geradora de divisas, pois somente com as exportações de suco de laranja, o país trouxe aos cofres da nação bilhões de dólares e outros 900 milhões com exportações de frutas frescas e secas. Quando analisado o valor da produção frutícola do país, registra-se patamares superiores a 10 bilhões de reais por ano.

Condições climáticas

Dentre os estados brasileiros mais representativos, São Paulo desponta como o maior produtor de frutas do país. E, no Nordeste, os maiores produtores são Bahia, Ceará e Pernambuco. O Ceará, cuja condições climáticas são mais adversas em relação à Bahia e Pernambuco – desponta como maior produtor e primeiro exportador de castanha de caju do Brasil. Terceiro maior exportador e quarto maior produtor de frutas do país.

Entre as experiências do agronegócio cearense que deram certo, a produção e exportação de frutas irrigadas é a pioneira, sendo um dos setores que apresenta maior mercado e resposta econômica nos últimos 15 anos, com produção de 2,5 milhões de toneladas de frutas, destacando-se o caju (1º lugar), coco-da-baía, melão e maracujá (2º lugar) e o mamão (3º lugar) do país.

Para se uma ter ideia da evolução da fruticultura cearense dos idos de 1999 para cá, quando a irrigação começou a deslanchar, existia aproximadamente 18 mil hectares de área irrigada, com um VBP (Valor Básico de Produção) de R$ 75,81milhões e as exportações correspondiam a 1,93 milhões, empregando na atividade em torno de 9,60 mil pessoas.

Atualmente, a área irrigada corresponde a 38,4 mil hectares em 06 polos, compostos por 64 municípios, e o VBP passou a ser de R$ 755,5 milhões As exportações saltaram para US$ 102,5 milhões e os empregos diretos cresceram para 21,6 mil (Diário do Nordeste/fonte).

O Ceará se destaca neste aspecto, justamente por ser o terceiro estado com maior extensão territorial do Nordeste e possuir 80% da sua área no Semiárido (relativamente a maior da região), concorre de um modo geral para que a agricultura cearense e em especial a do pequeno produtor, à frente de muitas dificuldades na condução e evolução da atividade agrícola. Esse contexto ainda é mais expressivo, pois 75% de sua área total têm precipitação pluviométrica abaixo de 800 mm anuais (FUMCEME, 1991), apresentando zonas com balanço hídrico anual negativo e estação chuvosa propriamente dita vai somente de fevereiro a maio.

Nordeste

O conhecimento das condições climáticas foi fundamental para o planejamento da agricultura irrigada e de sequeiro, considerando que a chuva é uma das variáveis mais importante e que limita a produção agrícola. A exemplo do Maranhão, o Ceará tem 12 bacias hidrográficas, compostas por pequenos rios, sendo o Jaguaribe o maior. Sua bacia compreende mais de 50% do Estado, com 610 km de extensão. Mas, os dois maiores reservatórios de água do Ceará são as barragens que represam o Jaguaribe: Açude de Orós e açude Castanhão, com respectivamente 2,1 e 6,7 bilhões de metros cúbicos de água.

O Maranhão por outro lado, tem uma situação mais privilegiada por ser zona de transição entre o nordeste e o norte. Além das 12 bacias existentes (de rios genuinamente maranhenses), é servido também por dois grandes rios interestaduais (Parnaíba e Tocantins), barragens de Estrito, Boa Esperança, Flores e Pericumã, ter precipitações pluviométricas variando de 700 a 2.200 mm anuais e ainda ter uma área ínfima de semiárido (a menor do Nordeste). Portanto, o Estado reúne melhores condições para o desenvolvimento da Fruticultura.

Pensando nisso é que a Câmara Setorial capitaneada pela SAGRIMA e demais entidades rurais componentes, estão se mobilizando para elaborar o Plano Estadual de Fruticultura, que deve se constituir num instrumento balizador e norteador das diretrizes para esse ramo de negócio, feito por várias mãos, com a definição dos polos potencialmente vocacionados, priorizando inicialmente as culturas do abacaxi, da juçara, da banana, do caju, do coco-da-baía e da melancia.

*Engenheiro Agrônomo,

                                                           Participante da Câmara Setorial Fruticultura/Sagrima